sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mi solo Tu solo.


Meu solo tem terra vermelha , sereno na grama e flor colorida. Tem calor de um carnaval à fantasia e ondas constantes de frio europeu.
Meu solo é constelação, reflete o céu estrelado no corpo nu, no chão árido, na montanha enviesada e no rio sempre muito gelado. Tem bolinha de gás fazendo cosquinha , vaga-lumes hiper-ativos , arco-íris duplo de fim de tarde.
Meu solo é quarto bagunçado, roupa pra tudo que é lado , trident armazenado , papel na gaveta , foto pendurada , caixas decoradas, uma poesia num cetim rasgado , alguns sonhos na fila de espera e outros realizados.
Meu solo tem vela acessa , perfume de âmbar , temperatura interna 8 ou 80 , é vazio nas horas de auto abastecimento e superlotado de acontecimentos. Tem silencio de madrugada, música alta de festa boa e animada e uns escritos soltos de tendência rimada.
Meu solo tem chuva de verão , raios hipnotizantes , barulho demorado de trovão, e prazer de estar vivendo tudo isso debaixo de um edredon. Tem cabana de lençol , bala confeitada , casquinha de creme brullèe(?) quebrada , feijão amigo na panela de barro, barra de chocolate para sustento diário.
Meu solo tem beijo roubado , dança solta e de rosto colado , abraço apertado , um colo não aguardado e muitos carinhos inesperados. Tem amores bonitos, tem os que foram, os que são e os que estão vindo.
Meu solo é coração , é vida , conectado com o mundo . Conexão sem cabo, sem roteador , não tem tamanho 3G especificado , e nem promoção por tempo ilimitado. Tem Iugoslavia , Colatina, Itália, Mauá, Rio de Janeiro, Giverny, São Paulo , Iraque, Estados Unidos, Madri .
Meu solo é plugado, sem intervalos , inseparável do tempo, dos seres e do espaço. Tem metrô cheio, ônibus atrasado, bicicleta correndo na orla, cristo redentor vermelho e mar agitado.
Meu solo interage , ama a harmonia na diversidade.
Nessa conexão de mentes e corações , a multiplicidade é minha chave e meu solo sinônimo de coletividade.


Sem século.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008


- Permitam que me adiante, propôs Carlota, para ver se atino aonde querem chegar. Como tudo tem conexão entre si, deverão também todos os seres estar em correspondência uns com os outros.
- Essa conexão será diferente, segundo a diversidade dos seres, prosseguiu Eduardo. Ora se encontram, como amigos e velhos conhecidos, que se juntam, se ligam, sem nada modificar um ao outro (como o vinho ao misturar-se com a água); ora, ao contrário, se conservam estranhos um ao outro, e até por meio de fricções, ou mecanicamente misturados, não se interpenetram de maneira alguma, como o óleo e a água, os quais sacolejados juntos, logo depois se separam.
Afinidades Eletivas

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PV de um pato feio


Ela tava nua, magrinha magrinha. Me esperando, deixou a porta aberta, o porteiro tava avisado. "João né...?" "É." No elevador eu abri a carranca pro espelho, as pupilas dilatadas dentro de um olhar perdido, um tanto atordoado, meio patinho feio meio pangaré banguela, mas ainda restava um homem em mim, olhei pra câmera de vigilância esperando uma confirmação. Tenho certeza que o porteiro fez sinal positivo, afinal a gente simpatizou. O quarto tava com a luz baixa. Vou me esgueirando soturno. Ela finge que não acorda. Magrinha. Levanto o lençol de leve. Tateando senti os poros eriçando. Escuta o cheiro. A cena é obscena, observa... Dou um roçada de barba na nuca, ela vira: "Nossa, que bafo de cachaça! Seu cabelo ta cheirando a cigarro... po!" Balbuciei um "desculpa... já volto" Fui abluir, tirei a roupa, realmente um cheiro de sinuca com banheiro de rodoviária, desodorante, abraço. 11 min depois eu volto. "...aaaa agora sim, vem cá bebê de Rosemary..." e as afinidades foram eleitas...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

ela se sentiu nua no meio da avenida. quis acender um cigarro.o cara implicou, não tinha isqueiro nem queria ter, não fumava.implicava com tudo o que ele achava que eram vícios. o que ela estava fazendo ali? pra que se despir pra quem não sabe ver? pensou no livro de Goethe que estava lendo, não afinidades não.... solos, solos eletivos, é isso. Farenheit 451, lembra? Truffaut é datado,é cult? que merda. ela amava ler. de novo a sensação de ser um patinho feio. cadê os cisnes? ( gritava por dentro) vou pra casa (decidiu) e foi. saltou no coletivo, amava a palavra coletivo, expressava mais,coração batendo 180 BPM, evaporou muito antes de começar a suar, botou o óculos enorme pra disfarçar o olhar gritante,sem século, mas quem é aquele homem de gravata se derretendo todo praquela gorda? hmm, esse perfume tá enjoando, gulp, lembra aquele banheiro de estrada,o cheiro da infância interrompida.o que é mais forte pra lembrança, cheiro ou som? não aguento frustração, não combina com gente, ai, que saco... o eterno passado num presente que não se mexe...o cobrador fala alto com o motorista, só aqui mesmo uma cena dessas, não quero ouvir esse papo sem nexo letras amontoadas aos berros. coletivo de letras é palavra? e o que mais? chega! minha vida é uma frequencia,que canal é esse? será que é muito sofisticada?
Afinidades Eletivas
a terceira vez que ia lá
pela primeira vez, tomou a decisão
-ela tava especialmente linda.uma blusa branca e costas de fora-
a segunda vez q ele fumava um camel
a segunda vez se percebera sem isqueiro
na porta do cinema, como todas as vezes:
pipoca metade doce,metade salgada
-ele a viu da porta -
contou três passos atrás,direção da rua movimentada
- um barulho gigante de pneu gritando no asfalto -
gritos.
ela saiu do cinema, primeira vez com outro cara
ele pela última vez,
porta do cinema







:

nothing well

i watch you there through the window

and i stare at you



You wear nothing but you wear it so well







musica> Crash into you, Dave Matthews





Hilde

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

combinação

ele agora usa gravata
ela deu uma boa engordada
ele espia
ela nua com seus olhos emoldurados num óculos arredondado
ele sua seu resto de volúpia
de um calor despudorado
de nada adianta o ar condicionado ligado
AC/DC toca numa vitrola ainda guardada
e a imagem da TV LCD num tempo desencontrado
ele ainda se emociona com a fresta da porta aberta
ela antes tão mais Bruna Lombardi
ele um passado distante de camisa desabotoada
um lençol amarfanhado no armário mofado
um presente condenado
ele engole o excesso de saliva gulp
ela pigarreia limpa a garganta rarhan
na impermanência do que eram
pela busca do enquadramento perfeito
continuam o jejum do que são
kd? pra que?

a menina sem século.
aquela senhora gorda
(recordações de um cara de gravata)




de uma porta fechada
olhava ela nua, calor e suor no meio da madrugada
uma fresta e uma infância inteira
de saudosismo e agora:gravata


ele tava parado, olhando aquela que um dia fora sua musa
de todas as inspirações
e agora ainda, suada, vestidos combinando,óculos grandes nos olhos
.que antes era de um verde bruna lombardi,
agora:suor, grodura e casamento furstrado









t.

domingo, 26 de outubro de 2008

Perspectiva Nociva

é solo mas é coletivo
perspectiva nociva ciente e ativa
excesso de saliva gulp
limpa garganta rarham
pigarriei do meu PV remela de AM
verve resiste que nem PVC coração 180 BPM Fahrenheit 451
calor liga o AC e levanta o decibel do CD do AC/DC e seca 51 até ter um AVC
DVD 2008 DC na tela LCD... a conexão vai ceder? JV vai descer..
kd vc? Pra que? pra que....

domingo, 5 de outubro de 2008

introdução


A vida e o ambiente são elementos de uma única realidade.

O ambiente natural não se refere apenas ao local físico, mas sim à condição do local, que, na verdade, é o reflexo da vida das pessoas que o habitam.

“Cada vida é individual e, enquanto se manifesta neste mundo, uma particular existência simultaneamente configura um meio ambiente com o qual seja compatível. Para ver a verdade disso basta olhar as circunvizinhanças de uma pessoa particular, pois, nesse meio, podemos distinguir claramente todas as inclinações e características de sua vida. Se tentarmos imaginar um ser humano sem meio ambiente, estaremos falando de nada, configurando-o miticamente. Na medida em que a vida estende sua influência à circunvizinhança, o meio ambiente automaticamente muda de acordo com a condição da vida.

Então, o meio ambiente — que é um reflexo da vida interior dos seus habitantes — sempre adquire as características dos que nele existem.”

Daisaku Ikeda