sexta-feira, 14 de novembro de 2008

em cima do sapato boneca

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Parte 1: da pele pra dentro

Uma de suas qualidades é que não tem medo de se fragilizar. seu orgulho resume-se em expor-se quando está dilacerada e quando especialmente plena escancara seus defeitos. Isso dá a ela um misto de fragilidade com intensidade, de rebeldia em ser verdadeira simplesmente. Sua liberdade é apenas aceitar-se. É pouco ser apenas “si”, mas viver isso completamente é uma das coisas mais bonitas que uma pessoa pode ter. não tem receio de dizer que tem muito medo de perder as pessoas que ama, e que ama sem ao menos conhecer. Ama de olhar. mas não tranca a porta pra impedir ninguém de ir embora. A festa é dela. e a porta está sempre aberta. Entra quem é convidado mas sai quem quer.
Deixar a porta aberta não é assim tão fácil. Por isso tinha olhos de lágrima. Tão bonitos quantos os olhos de ressaca são seus olhos de quase lágrima, com a maquiagem borrada de antes ou depois do choro, vai saber. Vivia isso olhando pra água, o pés a beira do deck. A festa bombando ao seu redor, mas dentro dela estava calminha.

Parte 2: da pele pra fora

Virou-se e olhou em volta. Agora suas costas olhavam o mar e seus olhos também, um mar de gente. Tinha um moço com a calça caindo e uma garrafinha na mão. Ele pediu fogo pra uma moça de vermelho. Acendem um cigarro no outro, é quase um beijo. Tem outro rapaz com uma blusa escrito “diversidade”, o que lhe lembrou um termo que gostou muito, “harmonia na diversidade”. Uma moça perto do bar dançando em par, sozinha. é bonito isso. ela dança bem. Depois da meia noite e alguns drinks todas as pessoas são felizes. 2:30 h da uma badalada, a música interrompeu, algumas pessoas pararam, que isso? A musica voltou elas ainda paradas? Festa de artistas é sempre uma surpresa. Um rapaz se aproxima. Ele usa uma cartola. chega perto, fecha os olhos como quem descansa a retina e diz:
- já não me diz nada um pôr do sol em cancun e um coqueiro em alto mar já vagou por protetores de tela demais para me causar qualquer sensaçãode bem-estar. O resto você conhece
Ela - já li isso em algum lugar
Ele – vamos sair daqui
Ela – por mar ou por terra?
Pegaram um barco, e saíram com um casal de calendário parisiense, ele com sua cartola, ela com seu sapato boneca.
no meio no caminho ela se lembrou
- esqueci a porta aberta! Mas não tem a menor importância,
eu já to em outro mundo.
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hildebranda

2 comentários:

A Menina Sem Século disse...

um mundo da pele pra dentro
um reflexo de tantos mundos da pele pra fora

Adorei essa rede de influências...
que mar de gente né?
Viva o dominó! rsrss

Dani Barbosa disse...

E elas são minhas amigas!!

Que orgulho! rss

Amo muito!